Maçonaria

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Diário da Manhã – 21 de julho de 2008

MOZART – A flauta mágica e a maçonaria

No dia 27 de janeiro de 1756 nascia em Salzburgo, Áustria, aquele que viria a ser uma estranha força, mistura de gênio e simplicidade, luz que irradiou energia para toda a Europa Central e deu forças ao iluminismo para clarear as mentes, ainda resistentes, à novas idéias - nascia Wolfgang Amadeus Mozart.
Falar sobre a genialidade de Mozart é ser repetitivo e provavelmente não conseguiríamos acrescentar quase nada ao riquíssimo arsenal bibliográfico existente.
Gostaria de enfocar alguns aspectos da sua vida maçônica, principalmente os ligados à ópera Flauta Mágica; advirto, no entanto: não tenho a pretensão de esgotar este assunto.
Inicialmente é importante salientar que Mozart foi iniciado na maçonaria em Viena, no dia 21 de setembro de 1784, na Loja maçônica denominada “Beneficência”; nesta mesma Loja foi também iniciado, por sua intermediação, seu pai Leopold.
Muitos biógrafos que estudaram e continuam a estudar a vida musical de Mozart reconhecem que a sua obra recebeu, após este acontecimento, uma profunda e definitiva influência da filosofia maçônica.
Por não ter capacidade, por falta de formação para discutir, como devia, sobre este assunto, valho-me da opinião de alguns estudiosos insuspeitos, por não serem maçons, que se debruçaram com olhos críticos sobre a sua obra.
Apenas para citar dois, reporto-me aos autores H.C. Robbins Landon - Mozart and the Masons, USA,1983 e Katharine Thomson – The Masonic Thread in Mozart, London, 1977; ambos não só confirmam a assertiva acima referida como tecem considerações a este respeito: “Não precisa ser muito entendido em música para se perceber, após aquele episódio da sua iniciação na Ordem, a presença do simbolismo maçônico na harmonia de várias das suas composições, para não se falar das obras declaradamente maçônicas, como a “Alegria maçônica – K 471”, considerada uma obra prima, hinos para abertura e fechamento da Loja Maçônica e muitas outras”.
A atmosfera de franca fraternidade que encontrou no interior das Lojas Maçônicas e, principalmente, a beleza dos ritos maçônicos, aguçou, se isto fosse permitido afirmar, ainda mais a sua sensibilidade musical; começa-se a perceber, diz o citado Robbins, algumas nuances do simbolismo da iniciação na suas composições.
O ambiente de uma sessão maçônica é sempre cordial, a movimentação dos irmãos tem como pano de fundo, a musicalidade; hoje, como na época de Mozart, um Mestre de Harmonia comanda a seleção musical; atualmente com a ajuda de aparelhos de som, na época de Mozart à custa de instrumentos tocados por elementos da própria Loja.
Mozart, certamente, participava desta atividade, provavelmente procurando novas tonalidades, como a preferência pelo “mi bemol maior”, devido à presença de três bemóis na sua armadura (três é um número de grande simbolismo na maçonaria).
A ópera “A Flauta Mágica” foi o coroamento de toda esta transformação; hoje não cabem mais discussões entre os iniciados na Ordem: esta obra é uma Ode à Maçonaria, todo o seu roteiro tem como fonte, a ritualística maçônica.
Ao analisá-la é necessário tecer algumas considerações preliminares a respeito do ambiente político da época em que ela foi concebida.
A Flauta Mágica foi exibida pela primeira vez no dia 30 de setembro de 1791, ano em que a Ordem Maçônica passava pelos momentos mais difíceis da sua existência dentro da Áustria. Morre José II, considerado um “déspota esclarecido”, pois era um Imperador liberal, com atitudes tendentes a favorecer o florescimento da Ordem, tirando-a, inclusive, da clandestinidade.
Ano que as monarquias da Europa estavam sob o fogo cruzado das idéias emanadas dos revolucionários franceses e que culminaria com a Revolução Francesa.
A maçonaria, pelas suas características de entidade tida como secreta, era alvo de desconfiança dos mandatários, principalmente pela presença de vários maçons entre os revolucionários franceses; inicia-se, como corolário destas desconfianças, uma incrível perseguição aos maçons austríacos.
Justamente neste momento de máxima conturbação, Mozart resolve produzir a Flauta Mágica; um hino à virtude, um desafio ao obscurantismo das idéias e à escuridão do pensamento ultrapassado; seu enredo simboliza a luta secular da maçonaria: Luz versus Escuridão.
Na sua estréia, um maçom que passou para a história como um dos gênios da literatura, o imortal Goethe, assim se referiu, ao término do espetáculo: “Trata-se de uma obra carregada de simbolismo; os iniciados irão entendê-la e amá-la, o restante do público irá apreciá-la com emoção”.
Por que Mozart resolveu fazer a Flauta Mágica? Seria com a idéia de confrontação ou apenas para deixar um legado das suas convicções maçônicas? Seria o somatório das duas primeiras opções mais a necessidade financeira?
Voltarei ao assunto!

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