Maçonaria

sábado, 14 de julho de 2012

MAÇONARIA E O MAÇOM CIDADÃO

 

               Sabemos que a “Instituição maçonaria” costuma ser motivo de muita curiosidade e algumas vezes de especulação no meio da população; por ser uma sociedade filosófica carregada de simbologia, achamos naturais estas lucubrações, portanto, antes de tudo gostaríamos de defini-la para que possamos discutir alguns tópicos da relação dos seus membros com a sociedade onde ela está inserida.
            Para este desiderato peço ajuda a um dos nossos irmãos de Ordem, o genial Sir Isac Newton que disse, há muitos anos: “A maçonaria não é uma obra exclusiva de uma época, pertence a todas as épocas e, sem aderir a nenhuma religião, encontra grandes verdades em todas elas. Não se apoia senão em dois sustentáculos, extremamente simples: O amor a Deus e o amor ao Homem, que leva em si a divindade e caminha para ela”.
            A história da maçonaria se perde no mistério dos tempos; estudos arqueológicos têm mostrado a presença de alguns dos nossos símbolos incrustados na antiga civilização egípcia; no entanto, sob o ponto de vista de registros documentados, o ano de 1717 é considerado um marco muito importante da maçonaria especulativa, quando foi criada a Grande Loja da Inglaterra.
                        De lá para cá os princípios da maçonaria tornaram-se imutáveis e nossa profissão de fé é repetida em todas as lojas maçônicas do mundo: “Creio em um só Deus, Supremo Arquiteto do céu e da terra, dispensador de todo bem e juiz infalível de todo mal”.
             Não gostaria de cair na tentação de enumerar os deveres, a conduta e, sobretudo como se deve pautar o relacionamento do maçom como cidadão, no meio da sua comunidade.
            Seria fácil e até tentador, pela obviedade das afirmações, seguir este plano, até porque todos os mandamentos de boa conduta poderiam ser encontrados em qualquer livro texto de boas maneiras; no entanto, resisto à tentação e enveredo pelo caminho mais árido, a conotação filosófica deste relacionamento.
                          Falar do maçom como cidadão é fazer um corolário sobre a ética e a moralidade; a moral representa o ponto mais alto da vida espiritual do homem e que é regulado por princípios emanados do Grande Arquiteto do Universo e ética é o conjunto de regras e preceitos de conduta moral de um individuo ou de uma sociedade.
                              Para simplificar o entendimento, podemos definir, parafraseando Oscar Wilde, estes dois “landmarks” da vida do cidadão com o seguinte enunciado:
                 “Tudo aquilo que o cidadão faz quando está em público chamamos de ética e se esta mesma ação, também não for feita quando ele estiver sozinho, chamamos de moralidade”.
            O maçom, como cidadão, assume um compromisso espontâneo e solene diante da sua própria consciência: a luta contra suas próprias fraquezas, buscando sempre o elevado sentido da vida no aperfeiçoamento da moral.
            Ao cidadão comum que bate pela primeira vez à porta do nosso templo, não lhe é perguntado sobre seus bens materiais, sua profissão, se possui brasões de nobreza ou títulos definidores da sua intelectualidade, apenas lhe é perguntado se ele é um cidadão livre e de bons costumes.
                        Esta senha, que não é apanágio da maçonaria, abrirá não só as portas do templo maçônico para o profano que pretende se iniciar em nossa ordem, mas também é a chave que conduzirá todos os homens ao interior do “templo da humanidade”, porque ela é condição “sine qua non” para que um indivíduo possa ser considerado um cidadão com todos os direitos e deveres inerentes a esta condição.
                        A liberdade, para nós maçons, é o fundamento da moralidade e esta é o alicerce das nossas ações, permitindo ou até mesmo facilitando que ele, o maçom, ocupe posição de relevo perante a sua sociedade; esta posição carrega em seu bojo uma carga de obrigações que o demanda a compor com os elos desta corrente Institucional que está constituída há muitos séculos e que resistiu à prova do tempo.
                        Se a carga positiva de ações acumuladas por esta Instituição poderá facilitar as movimentações do cidadão maçom no mundo profano, também encerra uma responsabilidade muito maior da que é cobrada a outro cidadão não Maçom.
                        Sua vida e suas ações, como um espelho, refletem e ecoam; para conviver com os demais cidadãos que não ultrapassaram os umbrais do nosso templo, ele precisa libertar-se das suas próprias ambições, saber palmilhar o caminho escuro da incerteza, buscando sempre a lei moral como estética de conduta; fugir do mal e do erro, na constante perseguição da harmonia e do belo.  
                        Como cidadão, o maçom precisa sentir a nobreza da própria generosidade, de tal forma que se foi ele quem semeou, não seja ele quem vai colher os frutos da sua própria semeadura; por ser livre, nunca imporá a sua fortaleza diante do fraco; não dogmatiza a sua verdade, se esta verdade não possui foro de verdade aceito e comprovado; o seu direito termina quando começa o do seu vizinho.
                        O cidadão-maçom, nas palavras do meu inesquecível amigo e irmão de Ordem, Dr. José Normanha de Oliveira “Deve tentar responder a esta inquietante pergunta todos os dias da sua vida: Nascemos com coração e razão, somos itinerantes da eternidade, em trânsito para a perfeição. Para onde nos conduz esta marcha inexorável e continua do tempo, que transforma, a cada momento, o pequeno e efêmero presente em passado?”.
                        A resposta a esta inquietante indagação o cidadão-maçom encontrará na filosofia da nossa Ordem, porque ela prepara o terreno onde florescerão a justiça e a paz; sua arma de duelo é a espada da inteligência, ela exalta tudo o que une e aproxima as pessoas e repudia tudo aquilo que divide e as isola.

            Nossa Ordem é muito mais que um grupo de pessoas que se reúne para um objetivo exclusivamente social e filantrópico; ela é, antes e acima de tudo, uma entidade filosófica que procura influenciar o mundo ao seu redor com seu modelo de pensamento, cujo desiderato é o respeito pela pessoa humana e o bem estar da comunidade. 

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